Marcelo Neri destaca avanços socioeconômicos dos negros

terça-feira, 14 de maio de 2013



Ministro interino da SAE e presidente do Ipea proferiu palestra em evento que comemorou os 125 anos da abolição

O ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri, destacou o aumento do percentual de pretos e pardos na população nos últimos dez anos. Para ele, esse fato representa um grande passo histórico contra o preconceito e a discriminação racial, já que mais brasileiros estão afirmando pertencer a esse segmento.
“A participação de negros na população brasileira no período de 2000 até 2010 foi de 44,6% para 50,9%”. Desde a virada do século, as pessoas estão se declarando mais negras, principalmente aqueles com maior nível de educação”, declarou Neri. O ministro proferiu palestra nesta segunda-feira, 13 de maio, em São Paulo, durante evento organizado pela Faculdade Zumbi dos Palmares em comemoração aos 125 anos da Abolição da Escravidão no Brasil. O encontro aconteceu no Memorial da América Latina.
Ao falar sobre os avanços socioeconômicos dos negros no Brasil, o ministro Marcelo Neri citou dados do estudo Vozes da Nova Classe Média, da SAE: 75% dos novos entrantes na classe média brasileira – três em cada quatro novos membros do segmento – são negros. O contingente de cerca de 30 milhões de pessoas corresponde a quase a totalidade da população negra da África do Sul. “Esse é um dado impressionante. É o filme da última década. Acho que o avanço é bastante significativo”, disse Neri.
Um ponto que chamou a atenção na palestra de Marcelo Neri foi a identificação de uma espécie de ação afirmativa no âmbito do Bolsa Família, no qual a proporção de negros é bem maior que a de brancos. “Você pode achar que é porque os negros são mais pobres, o que é verdade”, ponderou o ministro. “Mas nosso estudo mostra que, mais do que o Bolsa Família ser pró-pobre e, com isso, encontrar e beneficiar mais os negros, o programa é pró-negro porque, se você comparar brasileiros brancos e pretos em situações semelhantes, a probabilidade de uma pessoa que se declara preta ter acesso ao Bolsa Família é 10% mais alta. É o que a gente chama de uma ação afirmativa implícita”, argumentou.
Outro ponto de destaque na apresentação dos dados foi o aumento de renda entre os negros brasileiros. No ano passado, a renda domiciliar per capita do segmento subiu 8,5%, e a renda do trabalho per capita, 5,1%. Isso em um ano em que o PIB per capita cresceu 0,1%.
Ainda segundo Neri, tem crescido a renda de vários grupos de trabalhadores considerados precários, como empreendedores de subsistência, empregadas domésticas, operários da construção civil, agricultores braçais. “Tradicionalmente, essas são ocupações mais negras”, afirmou. “O Brasil foi o último país do mundo ocidental a abolir a escravatura, há 125 anos, mas as mudanças reais estão acontecendo. É um retrato ainda cheio de cicatrizes sociais, mas está bem melhor do que era há dez anos.”

Veja a apresentação feita pelo ministro interino Marcelo Neri

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