Pesquisa “Este Jovem Brasileiro” compara o que mudou no comportamento dos jovens nos últimos oito anos

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Como o jovem brasileiro se comporta em relação à sexualidade, emoções, violência, uso da internet, consumo de álcool, cigarro e outras drogas? Oito anos depois de sua primeira edição, o projeto "Este Jovem Brasileiro", desenvolvido pelo Portal Educacional(www.educacional.com.br) em parceria com o psiquiatra Jairo Bouer, repetiu os temas e metodologia da pesquisa realizada em 2006, e agora compara e revela o que mudou no comportamento dos jovens.
O projeto "Este Jovem Brasileiro" tem como objetivo conhecer o comportamento dos jovens e refletir, junto com eles, com a comunidade escolar e com os pais, sobre assuntos cruciais para a vida deles. Este ano, quase 6 mil estudantes de 12 a 17 anos, do 8º ano ao ensino médio, de 64 escolas particular e sem diversas partes do país participaram da pesquisa. Os estudantes responderam anonimamente a um questionário online com questões de múltipla escolha, e os resultados foram avaliados por Jairo Bouer e por Patricia Sprada, coordenadora dos projetos colaborativos da Divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática. Segundo Patricia, os dados obtidos mostram alguns pontos frágeis que merecem reflexão.
As diferenças mais notáveis entre as duas edições estão nos campos da sexualidade e da violência. No primeiro, aumentou o número de jovens que não usam preservativo durante as relações sexuais – em 2006, 78% tinham usado camisinha na primeira vez e 61% diziam usá-la sempre, enquanto neste ano essas proporções caíram para 71% e 54%, respectivamente. “Parece que menos gente está se protegendo e usando camisinha desde o início da vida sexual e, com regularidade, o que pode refletir em maior exposição a risco de DSTs e de gravidez indesejada”, alerta Jairo Bouer.
Os dados referentes à violência mostraram uma pequena melhora em relação a 2006, com menos jovens que já se sentiram ameaçados ou foram insultados no ano anterior à pesquisa (19%, contra mais de 25% há 8 anos) ou se envolveram em brigas (17% contra 21%) em 2012. Ainda assim, a violência segue como um fenômeno relativamente frequente na vida do jovem, podendo ser ele vítima e ator desse processo. “Pelo impacto que as múltiplas formas de violência têm em sua vida, é importante que a escola reforce essa discussão e pense em formas de se evitar esse tipo de comportamento”, comenta Bouer.
Um terceiro ponto que merece atenção é quanto ao consumo de maconha. Embora a proporção de jovens que já a experimentaram tenha se mantido em 10%, houve aumento na faixa dos que provaram a droga entre os 12 e 13 anos (22% em 2013, contra 18% em 2006), e  entre os que a fumam todos os dias (18%, contra 14% há oito anos).
Relacionamentos, Sexo e Gravidez
A pesquisa mostra que 76% dos jovens já 'ficaram' com alguém pelo menos uma vez na vida, sendo que 36% já tinham ‘ficado’ com mais de 10 pessoas e apenas 16% estavam namorando no momento em que responderam ao questionário. Na comparação com 2006, 86% já tinham ‘ficado’ pelo menos uma vez, quase 50% já haviam beijado mais de 10 pessoas e 20% estavam namorando. Bouer argumenta que a diferença entre os dados pode estar relacionada à faixa etária das amostras de 2006 e 2013. Este ano, quase 25% dos jovens tinham 12 e 13 anos, enquanto há oito anos eles correspondiam a pouco mais de 10% do total de entrevistados.
Sobre a sexualidade, 17% afirmaram já ter tido relações sexuais, e a maior parte teve a sua primeira vez entre 14 e 15 anos. Entre os maiores de 17 anos, 54% já tinham feito sexo. A maior parte das garotas teve relações sexuais com parceiros fixos, provavelmente namorados. Já a maior parte dos garotos considera que teve mais relações com parceiras eventuais. Em 2006, 18,5% dos entrevistados já tinham tido relações sexuais, uma pequena diferença a mais que pode ser explicada pelo maior número de participantes de 12 e 13 anos na amostra deste ano.
Do ponto de vista de prevenção, a diminuição no uso do preservativo não era esperada, segundo Patrícia Sprada, da Divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática. Em contrapartida, 45% fazem uso de outros métodos anticoncepcionais, frente a 38% registrados em 2006, e a grande maioria utiliza pílula anticoncepcional – quase 82%, menos que os 90% de 8 anos atrás. Entre as garotas que já fizeram sexo, 44% já acharam que poderiam estar grávidas, e desse total 32% recorreram à pílula do dia seguinte. “A quantidade de gestações aumentou um pouco em oito anos – de 7,5% a 9%, o que pode ser relacionado à diminuição do uso da camisinha”, considera Patrícia.
Internet
Quanto ao uso da internet, os dados de 2013 são muito semelhantes aos de oito anos atrás: hoje 96% dos jovens usam Internet para se comunicar, a maior parte fica conectada de duas a três horas por dia da semana e mais de cinco horas nos finais de semana. Mas houve um certo aumento nos casos de uso exagerado da rede - 60% já passaram uma noite em claro na internet, 57% já deixou de sair ou estudar e 58% já se sentiram “viciados” na rede (mulheres mais do que homens, 63% contra 52%).
Violência, álcool, cigarro e drogas
No quesito violência, embora menos jovens tenham se sentido ameaçados e se envolvido em brigas, a porcentagem de quem já foi vítima de violência em algum momento da sua vida se manteve em 35%, assim como a de quem já se sentiu forçado a fazer sexo contra sua vontade (4%), sendo que esse número é igual entre homens e mulheres.
Quanto ao consumo de álcool, os  números sugerem um comportamento um pouco mais cuidadoso do jovem em 2013: 62% dos participantes já beberam pelo menos uma vez na vida. Entre os menores de 14 anos este índice é de mais de 50%, e chega a 84% entre os maiores de 17. Quase um terço dos jovens já passou mal pelo consumo excessivo de álcool. Oito anos atrás, 75,5% dos jovens já haviam bebido pelo menos uma vez na vida e 40% já haviam tomado um porre.
Apesar das campanhas contra o tabaco, o cigarro ainda provoca curiosidade entre os jovens. Entre os entrevistados, 16% já experimentaram cigarro, número que sobe para 32% levando-se em conta apenas os estudantes de 17 anos. A maior parte começou a fumar entre 12 e 15 anos e o consumo é frequente para quase 10%. Mas o quadro melhorou significativamente em relação a 2006, quando 26,5% dos jovens já tinham experimentado o cigarro, mais da metade dos maiores de 16 já haviam fumado e o consumo era frequente para quase 12,5%.
Em relação às drogas, se registrou o aumento dos jovens que consomem maconha frequentemente - 18%, número proporcionalmente maior do que o número de usuários frequentes entre os que fumam cigarro de tabaco. A maioria dos que fumam maconha divide esse comportamento com os amigos. Além da maconha, as outras drogas ilícitas mais experimentadas foram o lança-perfume e as sintéticas, enquanto entre as drogas lícitas (medicamentos) mais citadas estão os calmantes e os remédios para controle de hiperatividade e atenção.
Emoções e sala de aula
Quando se trata de emoções, ansiedade (47%), irritação(44%) e dificuldade de concentração(49%) são aquelas que parecem incomodar mais os jovens, seguidas de tristeza e o desânimo (30%). Na sala de aula, além do problema de concentração, 35%  dizem ter dificuldade para entender a aula e 13% referem que já foram reprovados. O quadro é bastante semelhante ao registrado na pesquisa de 2006.
Para Bouer, a ansiedade e a dificuldade de concentração são fenômenos comuns no jovem de hoje, e especialistas discutem, inclusive, o peso que o excesso de tempo na rede e as suas múltiplas possibilidades de interação teriam na dificuldade do jovem de hoje de focar em um único estímulo.
Bouer também vê uma relação entre quem já experimentou maconha e as mudanças nas emoções. “O uso da maconha parece aumentar ansiedade, tristeza e desânimo, dificuldade em se concentrar e entender a aula, afetando o rendimento escolar. A pesquisa mostra que o índice de reprovação chegou a 31% entre os que já fumaram. Ou seja, maconha e rendimento na escola parecem definitivamente não combinar”, comenta.
Satisfação com o corpo e felicidade
A pesquisa também ouviu os jovens sobre sua relação com o próprio corpo e a felicidade. Em 2013, 63% dos rapazes se disseram satisfeitos com seu corpo, enquanto só 40% das garotas responderam o mesmo. Uma diferença que aumentou em comparação com os dados de 2006 – 62% e 44%, respectivamente. “O índice crescente de insatisfação feminina pode apontar maior pressão social para que as mulheres tenham o corpo perfeito, o que aumenta o desejo de mudar e buscar metas muitas vezes inatingíveis”, diz Bouer.
A grande maioria dos jovens – 84% - se considera feliz na maior parte do tempo, apesar dos sintomas e emoções desagradáveis apontados por muitos deles. Em 2006, esse índice era de 87%.
O projeto “Este Jovem Brasileiro” é realizado anualmente pelo Portal Educacional, e neste ano, o questionário foi respondido no período de 16/04 a 30/08. Os resultados estão disponíveis no Portal Educacional (www.educacional.com.br).
Fonte: Assessoria

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