"Conte até 10. A raiva passa. A
vida fica". Essa é a atitude que o Conselho Nacional do Ministério
Público (CNMP) propõe aos brasileiros que estiverem prestes a cometer um
ato de violência contra alguém. No país, todos os anos, milhares de
pessoas são vítimas de assassinatos por impulso em situações como brigas
em bares, discussões no trânsito ou entre vizinhos.
Com
o objetivo de evitar essas mortes, o CNMP lança, no dia 8 de novembro, a
Campanha "Conte até 10. Paz. Essa é a atitude". A iniciativa faz parte
da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública (Enasp) e conta
com a parceria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Ministério da
Justiça (MJ).
De
acordo com o Mapa da Violência 2012, divulgado pelo Ministério da
Justiça, foram registrados 49.932 homicídios no Brasil em 2010. O número
representa média de 26,2 assassinatos para cada grupo de cem mil
habitantes, o que coloca o país entre os mais violentos do mundo.
Boa
parte desses crimes foi cometido em atitudes impulsivas ou por motivos
fúteis e poderia ter sido evitado se a calma fosse mantida. Segundo
levantamento compilado pelo Conselho Nacional do Ministério Público
(CNMP), entre 2011 e 2012, os homicídios por impulso e por motivo fútil
representaram desde 25% a mais de 80% dos crimes cometidos, a depender
do estado. Os números são relativos a 15 estados e ao Distrito Federal,
foram remetidos pelas Secretarias de Segurança Pública ou pelo
Ministério Público e encaminhados ao CNMP pelos gestores de metas da
Enasp. Para evitar essas mortes, a Campanha propõe contar até dez e
manter o controle.
"Nosso alvo são
os homicídios que ocorrem em função da banalização da violência, da
falta de tolerância, da ação impensada no momento da raiva. São casos,
muitas vezes, de pessoas que nunca haviam matado antes, e, por perderem a
cabeça numa situação de conflito, cometem o crime", explica a
conselheira do CNMP e coordenadora do Grupo de Persecução Penal da
Enasp, Taís Ferraz. "Para reduzir os índices de homicídio, além da
atuação conjunta e articulada dos agentes do Sistema de Justiça, é
fundamental a sensibilização da sociedade. É isso que estamos buscando",
complementou.
Estrelas
Quatro
atletas estrelam os filmes da campanha, que serão veiculados
gratuitamente pelas principais emissoras de TV do país. Anderson Silva,
campeão mundial peso-médio do UFC; Júnior Cigano, campeão mundial
peso-pesado do UFC; Leandro Guilheiro, judoca duas vezes campeão
olímpico; e Sarah Menezes, judoca campeã olímpica em 2012. Eles aderiram
à iniciativa sem cobrar cachê. Entre as mensagens inseridas na ação
estão "Quem é da paz não briga", "A raiva passa. A vida fica" e "Sua
vida vale mais que qualquer briga".
O
material de divulgação inclui jingles de reggae, rap e funk, anúncios
para jornais e revistas, ações em mídias digitais e rede sociais e game.
O material será veiculado gratuitamente por mais de 26 emissoras de
televisão nacionais e regionais, abertas e a cabo, 115 rádios em todo o
país, 35 revistas e 40 jornais, além de portais de internet e mídias
alternativas (cinemas, mídia indoor, etc).
Também
está em produção, em parceria com o Ministério da Educação, uma
cartilha educativa que tem como objetivo orientar professores sobre como
tratar o tema da violência em sala de aula. O material será distribuído
em todo o Brasil a partir de 2013. O Ministério Público está
organizando eventos regionais de lançamento, muitos em escolas públicas
com histórico de violência, para repercutir a campanha e mobilizar a
sociedade local. Já há eventos confirmados em 13 estados.
"Para
atingir essa parcela da população, buscamos o apoio de atletas que se
tornaram ídolos dos nossos jovens. Precisamos reverter os números de
homicídios nessa faixa etária, que são alarmantes", afirmou Taís Ferraz.
Entre 1980 e 2010, as mortes de jovens com até 19 anos cresceram mais
de 370% no país.
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Fonte: Conselho Nacional do Ministério Público
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