- No Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, Ministério da Cultura lança editais para criadores e produtores negros
Nesta terça-feira, 20 de
novembro, Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a ministra da
Cultura, Marta Suplicy, lançou editais voltados a produtores e criadores
negros, em cerimônia que aconteceu no Museu Afro Brasil, no Parque do
Ibirapuera, em São Paulo. Segundo a ministra, o lançamento dos editais,
em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial (Seppir), será apenas o primeiro passo de tudo que o Ministério
da Cultura está criando em ações afirmativas. “A parte mais forte e
enraizada da nossa cultura vem da cultura africana. Nós temos que
preservar isso e tornar mais visível”, defendeu Marta. Ela também falou
sobre os próximos passos que o MinC dará na direção da criação de ações
afirmativas: “É a primeira vez que o Ministério da Cultura tem ação
afirmativa nesse sentido. Então vamos ver como isso vai caminhar,
corrigir o que não tiver funcionando e ampliar o que estiver
funcionando”.
A
ministra também aproveitou a cerimônia de lançamento dos editais para
assinar a portaria 148/2012 que institui um grupo de trabalho para
viabilizar as diretrizes básicas para elaboração do projeto executivo,
construção e funcionamento do Museu Nacional Afro Brasileiro de Cultura e
Memória. Estiveram com a ministra Marta Suplicy no lançamento dos
editais a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade
Racial, Luiza Bairros; o presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi
Ferreira de Araujo; o presidente da Fundação Biblioteca Nacional (FBN),
Galeno Amorim; a coordenadora da Secretaria do Audiovisual (SAv), Lina
Távora; o presidente da Fundação Nacional de Artes (Funarte), Antonio
Grassi; o secretário de cultura do Estado, Marcelo Mattos Araujo; e o
diretor-curador do Museu Afro Brasil, Emanuel Araújo.
Em
defesa das políticas afirmativas - A ministra da Cultura defendeu as
políticas de cotas sendo adotadas pelo MinC, amparadas em decisões do
Supremo Tribunal Federal (STF) e em consonância com ações também do
governo federal: “São medidas das quais se espera que só passem a não
existir quando tivermos equidade de oportunidade para todas as raças”.
Marta Suplicy também rebateu argumentos sobre a política de cotas que
acusam a medida de gerar maior preconceito: “Preconceito é negro não ter
acesso. É ter talento e não poder expressar esse talento. Na hora em
que se dá a oportunidade, se está exatamente quebrando a barreira do
preconceito”, argumentou.
A
ministra da Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial,
Luiza Bairros, falou sobre a importância de iniciativas dessa natureza
para valorizar os talentos que já existem. “Essa decisão do MinC será
certamente repercutida nas políticas culturais feitas também pela
iniciativa privada. Estou emocionada com as possibilidades que estão se
abrindo neste 20 de novembro”. Para Luiza Bairros, “as artes negras
muitas vezes são lidas como folclore. Algo que não tem relação direta
com dinâmica atual da sociedade. À medida em que fizermos esses editais,
eles darão visibilidade a formas de expressão que dialogam com o Brasil
de hoje, com o passado e apontam para possibilidade da cultura se
fortalecer em sua adversidade.”
O
presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira, classificou o
lançamento dos editais como um dos atos mais marcantes desde 1888. “A
população negra começa agora a assumir o protagonismo para poder fazer a
mudança na história desse país e a cultura é instrumento fundamental
para isso”.
Os editais
O
MinC lançou os editais, num valor próximo de R$ 9 milhões, por meio da
Fundação Biblioteca Nacional (FBN), Fundação Nacional de Artes (Funarte)
e Secretaria do Audiovisual (SAv), em parceria entre a Fundação
Palmares e Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
(SEPPIR/PR). Com os editais, espera-se formar novos escritores, elevar o
número de pesquisadores negros e de publicações de autores negros,
incentivar pontos de leitura de cultura negra em todo o país; também
premiar curtas dirigidos ou produzidos por jovens negros, na faixa de 18
a 29 anos; investir em criação, produção e fazer com que artistas e
produtores negros ocupem palcos, teatros, ruas, escolas e galerias de
arte de todo o país.
Fundação Biblioteca Nacional -
“Vamos abrir um Ponto de Leitura em cada capital do Brasil. Eles terão
oficinas de formação de produtores e criadores negros com a duração de
dois meses. Após essas oficinas serão publicadas as criações literárias
desses escritores”, afirmou Galeno Amorim, presidente da FBN. Com valor
total de R$ 4 milhões, a FBN lançou três editais para ampliar o acesso à
literatura já existente de autores negros, fomentar o surgimento de
novos escritores e pesquisadores e dar visibilidade para suas criações e
pesquisas, incentivando a produção de publicações na forma de livros,
em meio impresso e/ou digital.
Acesse os editais no link http://www.bn.br/portal/index.jsp?nu_padrao_apresentacao=25&nu_item_conteudo=2353&nu_pagina=1
Secretaria do Audiovisual
- A Secretaria do Audiovisual, representada na cerimônia pela
coordenadora da secretaria, Lina Távora, vai premiar, por meio do Edital
Curta-Afirmativo, seis curta-metragens dirigidos ou produzidos por
jovens negros, na faixa etária de 18 a 29 anos. Cada curta terá o
investimento de R$ 100 mil. Segundo Lina, “o edital valorizará a
juventude em suas particularidades”. A temática dos curtas é livre, não
precisando, necessariamente, relatar questões étnicas.
Acesse o edital na página da Sav, por meio do link http://www.cultura.gov.br/audiovisual/fomento/blog/edital-no-3-curta-metragem-curta-afirmativo-protagonismo-da-juventude-negra-na-producao-audiovisual/
Funarte
- Além de homenagear um dos maiores artistas negros da história de
nosso país em seu nome, o Prêmio Funarte Grande Otelo investirá em
criações e produções que contemplem toda uma diversidade de expressões
artísticas. Segundo o presidente da fundação, Antonio Grassi, serão
quatro prêmios de R$ 200 mil, 12 prêmios de R$ 150 mil e 17 prêmios de
R$ 100 mil. O objetivo é que artistas e produtores negros ocupem palcos,
teatros, ruas, escolas, galerias de arte de todo o país. Para isso, a
Funarte vai fomentar 33 projetos nas categorias artes visuais, circo,
dança, música, teatro e preservação da memória visando estimular a
pesquisa, a preservação de acervos e a reflexão sobre a produção
artística negra no Brasil, como forma de combater o preconceito.
Acesse os editais na página da Funarte no link http://www.funarte.gov.br/funarte/a-funarte-e-a-secretaria-da-igualdade-racial-lancam-o-premio-funarte-grande-otelo/
Museu Afro Brasil
- O museu onde foi realizada a cerimônia de lançamento dos editais,
situado no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, existe desde 2004, e foi
criado, por decreto, pela então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.
Durante sua fala, Marta ressaltou a importância da atuação do curador
Emanuel Araújo na condução do museu. “Esse museu existe por causa dele”
disse a ministra em referência a Emanuel. Para Marta, a grande riqueza
do Museu é sua capacidade de estar o tempo todo trazendo coisas novas.
Fonte: Ministério da Cultura
(Texto: Nathalia Melati e Danielle Ribeiro)
(Fotos: Luiz Carlos Murauskas e Dani Ribeiro)
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