Porque o real não se desvaloriza
Publicado em 30-Mar-2010
“O Banco Central mudou de lado e agora...
“O Banco Central mudou de lado e agora deseja que o real tenha um pouco de apreciação. A autoridade monetária não aumentou os juros na reunião do Copom, mas espera que o câmbio ajude a segurar um pouco a inflação".
Essa noticia publicada hoje na Folha chamou-me a atenção uma vez que pelo déficit externo acumulado, nossa moeda já devia estar se desvalorizando. Mas, não é o que acontece porque o fluxo de capital financeiro de curto prazo e as operações de derivativos dentro e fora do país criam expectativas de manutenção do real valorizado.
Na base desse movimento e para além das oportunidades e atrativos de nossa economia em crescimento, está nossa taxa de juros, suculenta, atrativa e sem riscos, já que o país tem US$ 250 bi de reservas que nos trazem um alto - bem alto - custo fiscal, atraindo bolhas de valorização de ativos para nosso mercado.
Nossas condições não são as mesmas dos países centrais
No momento em que o país, apesar do pequeno avanço com a recente taxação sobre entrada de capitais, está ameaçado pelo déficit nas contas externas, nosso sistema financeiro não parece preocupado. Insiste não em controles cambiais ou regulamentação do mercado monetário interno, mas em mais abertura e mais liberação financeira. E pelas medidas anunciadas pelo governo, tudo indica vai conquistar.
Com isso, o risco que corremos é de perder o controle sobre nossa moeda nacional. É uma ameaça real, não se trata de nenhuma ilusão já que a conversibilidade permite a criação de moeda fora do sistema financeiro nacional. E os interesses que controlam nosso mercado financeiro sabem que o Brasil não tem as mesmas condições que os países centrais para desregulamentar e liberalizar o mercado cambial.
Sabem, também, que esses países a partir do poder do Estado e de instituições financeiras fazem, na prática, uma flutuação “suja” do seu câmbio e que mesmo seu mercado monetário é, no final, protegido pelo Estado como vimos na mais recente e brutal crise econômico-financeira internacional.
Seus centros financeiros controlam e comandam os mercados de moedas, sempre com seus bancos e instituições protegidas pelo Estado. Como podemos então pretender transformar o real numa moeda livremente conversível com sua total liberação financeira?
quarta-feira, 31 de março de 2010
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