Cestos coloridos para reciclagem não fazem sentido no Brasil, dizem especialistas

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014


Para especialistas, cestos coloridos significam gasto extra e desestímulo à população


Cestos coloridos para reciclagem não fazem sentido no Brasil, dizem especialistas
Quando o assunto é reciclagem, nós aprendemos assim: o cesto azul é para jogar o papel. No vermelho, vai o plástico. O verde é para o vidro e o amarelo é para o metal. Isso é o que muitas vezes se aprende a respeito da reciclagem. No entanto, essa separação não funciona de fato no Brasil, pois o lixo chegará na cooperativa e será misturado.
Segundo os especialistas ouvidos pelo G1, a implantação das lixeiras coloridas foi uma tentativa de trazer para o país o hábito da reciclagem da forma como foi criado e consolidado em países desenvolvidos, onde a coleta ocorre por item.
No Japão, por exemplo, há um calendário para recolhimento de cada material reciclável, algo que no Brasil estaria fora de cogitação devido ao custo elevado da coleta multi-frações, como é conhecida a técnica, que custa de quatro a seis vezes mais que a coleta dual, quando o lixo é separado apenas em reciclável e orgânico.
"O ideal é separar o lixo seco [aquele que pode ser reciclado] do lixo úmido [materiais orgânicos como restos de comida e materiais não recicláveis, como papel higiênico] e deixar o resto para a cooperativa fazer", explica Sandro Mancini, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e especialista em reciclagem de resíduos sólidos.
"[Ter os cestos coloridos] é um gasto extra e um desestímulo à população, que quando vê esse monte de lixeiras coloridas, acaba misturando todo o lixo e colocando-o em um único cesto. Precisamos repensar essa medida", aponta Silva Filho.
Não lavar
Outro hábito comum, mas que segundo os especialistas é impróprio, diz respeito a lavar o lixo doméstico. Segundo eles, a prática voltada a itens como caixas de leite longa vida, potes de iogurte, garrafas PET ou de vidro para retirar restos de alimentos não ajuda no processo de reciclagem e gera mais esgoto - que muitas vezes não é coletado e tratado.
Esses materiais de qualquer forma serão novamente lavados quando chegarem às cooperativas, onde ocorre o processo de separação do papel, plástico, vidro e metal, que, posteriormente, serão destinados às indústrias de reciclagem.
"Em qualquer processo de reciclagem, o resíduo será submetido a um processo de higienização. Não há necessidade de uma lavagem aprofundada do material", explica Carlos Silva Filho, diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
A melhor maneira de preservar o lixo reciclável dentro de casa de maneira higiênica (sem uso de água), até que passe o caminhão para recolher, é guardá-lo em recipientes fechados, que evitam o surgimento de moscas e a emissão de odores, ressalta Emilio Maciel Eigenheer, especialista em resíduos sólidos.

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