Por: Leonardo Koury
No
incentivo de tentar organizar as ideias depois de algumas semanas de
lutas intensas por todo país. Venho fazer algumas considerações
fundamentais para que não façamos um discurso midiático de que é uma
explosão de gente sem bandeiras e que o Brasil Acordou.
É
fundamental decorrer sobre a história do Brasil. Como antes já escrito,
não somos um país de preguiçosos e menos ainda uma manifestação que tem
apelo midiático ou por conta do facebook. Certamente que nossa história
e os diversos problemas sociais alinhavados com os lindos estádios
erguidos na contradição da ausência de serviços públicos para a maioria
da população e o valor das passagens de ônibus, que está entre as mais
caras do mundo, tornam-se grandes bandeiras mobilizadoras. Usaria aqui
um dos slogans publicizados nos últimos dias: Não é por centavos, mas
sim por direitos.
Lutamos
pelas vias populares desde a chegada dos portugueses, sejam os
indígenas pela resistência a invasão europeia e a população negra contra
a barbárie provocada pelos navios mercantes da escravidão. Lutamos nas
revoltas dos Quilombolas, Emboabas, dos Cabanos, da Conjuração Baiana.
Fomos ousados enquanto brasileiros para assumir a cara do Banditismo,
nas figuras de Maria Bonita e Lampião, do tirar dos ricos e dar aos
pobres e de tantos outros personagens da história que traz uma cara e
uma cor nacional. Como diz na letra dos Racionais MC’s: “Coisa do Brasil
super-herói mulato, defensor dos fracos”. Nós brasileir@s temos ao
longo de nossa história nossos próprios heróis como Anita Garibaldi e
Mariguella, entre outras e outros, mas sempre lembrando o que dizia
Florestan Fernandes, sofrendo e estando na mesma luta.
Quem são eles?
São
brasileira@, em tese sua grande maioria mobilizad@s nas redes sociais,
mas outra grande parte das mobilizações de movimentos sindicais,
estudantis e de grupos culturais que há tempos vem tentando unificar
suas marchas. Exemplo em Porto Alegre, São Paulo, Salvador e Belo
Horizonte que construíram a unificação da marcha contra o estatuto do
Nascituro, Marcha das Vadias, Movimento do Passe Livre e Paralisações de
categorias profissionais levam em sua unificação mais de 20 mil pessoas
nas ruas destas cidades e espalham este grito de luta.
Contudo
estes milhares de usuários da internet, mobilizados pelo facebook
carregam consigo diversas bandeiras que colorem o movimento social com a
cara e a realidade das demandas populares na diversidade e pluralidade
de reivindicações.
São
legítimas independentes do politicamente e academicamente correto, são
gritos num olhar ingênuo de desorganização, mas pautam políticas de
mobilidade urbana, saúde, educação e combate a corrupção no Brasil,
eles são militantes com sangue revolucionário, não estão ai para voltar
para trás, menos ainda fazer o jogo da mídia e da direita. Inclusive
não são a favor do modelo falido que a política brasileira se atualmente
se organiza, que não quer dizer exatamente apolíticos ou
despolitizados, como também fazem sua própria mídia, como exemplo as
vaias a Rede Globo nas manifestações em Belo Horizonte.
Quem eles pensam que são?
Estas
brasileiras e brasileiros que agora se encontram em milhares, nas ruas
de todas as capitais e grandes cidades e até mesmo em cima do Congresso
Brasileiro certamente são protagonistas de uma nova história dos
movimentos sociais.
Marcados
pela melhor organização nas redes virtuais, no acesso as mídias e
produzindo sua própria opinião pública, trazem uma unidade nas ruas que
deve neste momento de explosão ser pactuada na unidade das lutas.
Este
dever está na responsabilidade dos movimentos sociais organizados que
circulam entre as manifestações. As pautas dos sindicatos, movimentos
culturais, dos movimentos estudantis deve ser canalizada para propostas
mais claras à agenda nacional e aos governos para que não sejam em vão.
Termino
fazendo a análise de que este momento tem o intuito de quebrar
paradigmas, de trazer um novo dialogo com a classe trabalhadora, pois os
defensores do capitalismo longe passam destes espaços, por mais que
querem aproveitar de forma equivocada e pouco crédula, só perceber a
desorganização da informação pela imprensa televisiva.
Estão
nas ruas as respostas da unidade, no dialogo com o povo e nada
diferente disso. Não se oprime bandeiras em tempos de manifestação como
este, mas se canaliza para focos prioritários. Em tempos de
manifestação, ali está o povo unificado para a construção de um novo
momento e apenas El@s pensam que são brasileir@s, cansad@s e oprimid@s
pelo sistema vigente.
Um novo Brasil se constrói nas ruas, vem pras luta também.
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