SEPPIR representa governo brasileiro no Festival Mundial de Artes Negras no Senegal

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Ministro Eloi acompanhado do Presidente do Senegal e comitiva brasileira
O Ministro da SEPPIR Eloi Ferreira de Araujo representou o governo brasileiro, a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de abertura do III Festival Mundial de Artes Negras, realizado no Senegal, e que estará acontecendo entre os dias 10 e 31 dezembro.

A terceira edição do Fesman recebeu a comitiva brasileira, composta, além do Ministro da SEPPIR, de representantes da classe artística, embaixadores e intelectuais. Em carta enviada ao presidente do Senegal, Abdoulaye Wade, o presidente Lula, afirmou que a presença brasileira nesta terceira edição do festival simbolizava o “excelente nível de cooperação” e “o elevado valor que o Brasil atribui a suas relações com os países do continente africano”, considerada pelo dirigente brasileiro, uma prioridade de seu governo.

A presença do Ministro Eloi Ferreira e dos demais representantes brasileiros dá seqüência, de acordo com o presidente Lula, à expressiva participação do Brasil em todas as edições do festival. Em 1966, na edição do Fesman realizada em Dacar, e em 1977, em Lagos, o presidente Lula lembrou que, o Brasil esteve representado por artistas de renome, como a cantora Clementina de Jesus, o Mestre de Capoeira Pastinha e os compositores Caetano Veloso e Gilberto Gil.

“Estamos agora cumprindo o compromisso que assumimos na cúpula Brasil-CEDEAO (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental), realizada em Cabo Verde, em julho passado, de também assegurar presença numerosa e de qualidade no III FESMAN. Sob a coordenação da Fundação Cultural Palmares, entidade vinculada ao Ministério da Cultura no Brasil, encarregada de preservar e promover manifestações culturais, populares, indígenas, e afro-brasileiras, enviaremos a Dacar, este ano, mais de 13 artistas e grupos das áreas de música, teatro, fotografia, dança e cinema”, informou, ainda em carta ao dirigente senegalês, o presidente Lula.

Uma África emocionante: Emoção pelo encontro com as raízes africanas do povo brasileiro e pelo reconhecimento do esforço das nações da África contemporânea para superar as mazelas do maior êxodo de seres vivos na condição escrava já ocorrido no mundo. Assim Eloi Ferreira de Araujo sintetiza sua visita ao Senegal. Já no pronunciamento feito na abertura do evento, no Estádio Leopold Senghor, o Ministro da SEPPIR enfatizou as fortes ligações entre o Brasil e o continente africano.

“Trago, antes de mais nada, uma mensagem do presidente Lula ao presidente Wade e ao povo senegalês. Uma mensagem de afirmação da confiança do Brasil na África e nos africanos, aos quais estamos ligados por laços de fraternidade, construídos ao longo da história. Todos os presentes, os senegaleses, o povo africano em geral, participaram de forma entusiástica, maravilhosa. Para mim foi uma honra e um prazer enormes pode estar lá representando o presidente Lula”, disse o ministro.

No pronunciamento, Eloi também lembrou aos africanos: “Nossos territórios um dia estiveram unidos. Nem o Atlântico, nem as vicissitudes históricas puderam nos separar. Num dos mais movimentos impressionantes movimentos migratórios da história do Homem, milhões de africanos saíram destas terras para o Brasil. Apesar das difíceis condições em que se defrontaram, tiveram a generosidade de transplantar para lá, um inestimável patrimônio cultural, legado que constituiu matriz essencial da identidade brasileira”.

A ilha de onde se partia e não mais se voltava - Com extensão de cerca de 1 km, a ilha de Gorée foi descoberta, em 1.444, pelos portugueses, tendo sido alvo da disputa de vários monarcas europeus. Guerras travadas entre franceses, holandeses e ingleses resultaram num revezamento constante de poder dos povos “grandes navegadores” e colonizadores em Gorée. Visitada pelos ministro Eloi, entre outros representantes da comitiva do Brasil, a ilha foi declarada pela Unesco, em 1978, Patrimônio da Humanidade. E pelo que representa do ponto de vista das referências históricas sensibiliza todos os visitantes.

“Lá se dava a ‘partida sem volta’” , explica o Ministro da SEPPIR, referindo-se aos cerca de 13 milhões de homens e mulheres africanos que, estima-se, foram capturados para trabalhar nas colônias europeias do Novo Mundo. “Depois de atravessarem o Atlântico, eles vieram na condição de cativos, trabalhar nas plantações de açúcar, algodão, tabaco, café, e nas minas do outro lado do Atlântico”, relembra Eloi Araujo. “Quando se imagina a tristeza, o sofrimento, ficamos de fato tomados pela tristeza. Em Gorée, não há nenhum instrumento de tortura, mas lá está uma ‘memória’ forte que se faz presente todo o tempo”, diz o Ministro da SEPPIR.

Entretanto, Eloi muda o tom, ao se referir aos movimentos de superação protagonizados pelas sociedades africanas ao longo dos anos, e seus resultados. “Estivemos também visitando o Monumento do Renascimento Africano. É o símbolo de povos de homens e mulheres lutadores que, vem se reafirmando, sem tristeza, sem rancor, frente ao mundo. Mostrando, inclusive que tem uma história e um patrimônio tecnológico, cultural de grande valor para toda a humanidade. Este último, não podendo ser plenamente desenvolvido por conta da exploração sofrida por todo o continente”, elogia o ministro, para quem são grandes as semelhanças entre os povos da África e a população negra brasileira. “É um povo que está se reafirmando pelo trabalho. É um povo ativo. Assim como o negro no Brasil, que quer a inclusão, eles também crêem que o que constrói é o trabalho” compara, em tom elogioso, o ministro da SEPPIR.

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